Variações sobre um Linguini de Mariscos

A receita original é do Chef Jamie Oliver; resolvi introduzir algumas pequenas alterações que me pareceram oportunas e mais ao nosso gosto mediterrânico.  As quantidades aqui apresentadas dão para 12 pessoas.
Este prato é não só muito saboroso como agradável à vista. Boa oportunidade para reunir os amigos...
Para o Linguini
4 dentes de alho, descascados e fatiados
2 malagueta vermelha fresca, sem sementes e fatiada
1 cebola média
1,6Kg de marisco (mexilhões, amêijoas)
25 a 30 gambas
2 latas de 400g de tomate em pedaços
1dl de vinho branco seco
sal marinho e pimenta preta acabada de moer
raspa de 1 limão
800g de Linguini
300ml de nata
azeite extra virgem
salsa fresca picada grosseiramente

Para temperar as gambas
Alho
Sumo de limão
Piripiri
Azeite
Sal


Confecção
Descasque as gambas (não tire a cabeça) e tempere-as com sal, alho, sumo de limão, piripiri e um fio de azeite com pelo menos 2 horas de antecedência. Posteriormente limpe as gambas e grelhe-as em lume vivo. Reserve.
Lave os mexilhões e as amêijoas em água fria.
Deite um bom golpe de azeite num tacho bem grande e frite o alho, a malagueta e a cebola picada em lume brando durante 5 minutos, até alourar. Refresque com o vinho branco e deixe evaporar um pouco. Acrescente os mexilhões e as amêijoas, frite durante 2 minutos agitando o tacho e junte os tomates em pedaços. Tempere bem, acrescente a raspa do limão e deixe ferver. Reduza o lume para médio e cozinhe por 10 minutos, até que o marisco esteja cozido e o molho tenha engrossado ligeiramente. Misture a nata no molho de marisco e volte a deixar levantar fervura durante um minuto, depois tempere a gosto. Rejeite os mexilhões e as amêijoas que não tenham aberto e acrescente as gambas grelhadas.
Ponha ao lume uma grande caçarola com água fria e sal até ferver e coza o Linguini seguindo as instruções do pacote.
Escorra a massa e misture suavemente no molho de marisco com mais um bom fio de azeite extra virgem e a salsa picada.

Sopa doce de Pêra

Fácil, barato e bom.

É uma sobremesa de Verão mas, como já não a fazia há muito e havendo pedidos nesse sentido, ontem lá a fui fazer até porque é muito fácil e rápida de confeccionar.
Trata-se de um doce de colher feito à base de Pêra Rocha e com especiarias - Canela e Anis-estrelado. Um creme que fica muito macio e aromático; deve ser servido frio.

Receita que dá para 12 taças.

Ingredientes
2kg Pêra Rocha
2dl Água
4 Paus de Canela
4 Unidades de Anis-estrelado
400g Açúcar
1dl de Natas

Confecção
Descasque as pêras, leve-as ao lume numa panela juntamente com a água, o açúcar, os paus de canela e o anis-estrelado e deixe cozer bem. No fim de bem cozidas retire o anis e os paus de canela e reduza-as a puré com a varinha mágica.
Deixe arrefecer a sopa, bata ligeiramente as natas e junte à sopa; mexa bem. Sirva frio em taça.


Se tiver no frigorifico uma redução de Vinho do Porto aproveite  e faça uns desenhos. Fica mais bonito...

Devo esta receita ao Chef Paulo André, com quem tive o prazer de aprender muito, já lá vão uns anos.

Arroz Cremoso De Abóbora E Camarão

Esta receita foi publicada na Revista Visão e é do Chef Nuno Inverneiro. A que aqui publico tem ligeiras adaptações mas, no essencial respeita o original. 

Quando a li pareceu-me que ia resultar muito bem e durante a sua execução acrescentei apenas o gengibre e, em substituição do caldo de galinha, o caldo de camarão. Também substitui o queijo Serpa por Parmesão. Este arroz é forte. Penso que se tivesse optado pelo queijo Serpa ainda ficaria mais pesado; fica à sua escolha.  A receita original também prevê apenas 4 camarões tigre. Eu fiz com 6 e concluí que pode ir até 8 camarões tigre.

Trata-se de um arroz carolino feito como se se tratasse de um risotto e cujo resultado final muito se aproxima. É excelente de paladar e textura e tem algum requinte pelo que esta receita pode ser reservada para um jantar especial. O único senão é que deve ser servido de imediato, pelo que a confraternização antes do jantar pode ficar prejudicada.

Pormenor importante: utilize um bom vinho branco seco na confecção.


[PARA 8 A 1O PESSOAS] 

Marinada 
8 camarões tigre 
2 colher se sopa de azeite 
1 colher de sopa de gengibre picado 
4 dentes de alho picado 
Sumo de limão 
Pimenta de Caiena 
Sal q.b. 

Fazer uma marinada com todos os ingredientes. Marinar os camarões durante uma noite ou, no mínimo, quatro horas. Aquecer bem o grelhador, secar muito bem os camarões e grelhá-los 4 ou 5 minutos de cada lado dependendo do seu tamanho. Descascar os camarões e cortá-los aos pedaços. Aproveitar as cabeças para fazer um caldo de camarão. 


Arroz ( 30 minutos) 
4 colheres de sopa de azeite 
1 cebola média picada 
500g de arroz carolino 
1 chávena de bom vinho branco 
1,5l de caldo de galinha ou caldo de camarão 
1 abóbora-manteiga, média, assada 
5 colheres de sopa de queijo de Serpa amanteigado ou de parmesão ralado na hora 
2 chávenas de rúcula selvagem 

Refogar a cebola no azeite com uma boa pitada de sal, adicionar o arroz até que fique ligeiramente tostado, 2 a 3 minutos. Adicionar o vinho e deixar cozinhar, mexendo até que o arroz absorva todo o líquido. Começar a adicionar o caldo, aos poucos, mexendo sempre, e não voltar a introduzir mais líquido até que o anterior esteja completamente absorvido. Este processo deve ser feito mexendo constantemente para que o arroz liberte a própria goma, devendo parar-se quando o arroz estiver tenro, embora oferecendo alguma resistência quando se trinca. É provável que sobre algum caldo. Envolver a abóbora depois de triturada, o queijo, o camarão e, por fim, a rúcula.

Acompanhe com um Prova Régia (um excelente Arinto de Bucelas a preço muito acessível). 

Qualidade portuguesa: Chef Pedro Baroso a Oriente

A qualidade dos sabores mediterrânicos no novo Hotel Armani da torre Burj Khalif, no Dubai, com 160 andares e 800 metros de altura, é de inspiração portuguesa.


Coquilles de St. Jacques (Vieiras Gratinadas)

Esta excelente receita faz as delícias cá de casa há já alguns anos. Sirvo-a como entrada quente. É uma entrada de paladar requintado pelo que pode ser servida numa refeição especial acompanhada de um bom Alvarinho. A primeira vez que a fiz consegui comprar vieiras frescas. Guardei as conchas e agora, mesmo que só consiga arranjar miolo de vieira fresco (vende-se nalgumas grandes superfícies, muitas vezes por encomenda), tenho sempre garantida a apresentação em concha.

As vieiras são melhores nos meses mais frios do ano. Escolha as que tiverem as conchas bem fechadas. Para preparar vieiras frescas, apoie a junta das conchas sobre uma superfície plana e introduza uma faca numa das aberturas logo acima da junta. Mantendo a faca junto da concha plana, corte o músculo que liga a carne à concha. É esse músculo que mantém as conchas unidas. Abra a vieira de vagar. Retire a carne e deite fora o saco preto e o restante músculo. Lave as conchas para servirem de prato.

Também pode comprar o miolo de vieira fresco, limpo e embalado. Se tiver dificuldade em encontrar vieiras, pode preparar esta receita utilizando lombos de tamboril.

Comece 2 horas antes; 4 porções (entrada)

8 Vieiras grandes arranjadas ou
450 g de carne de vieira
1 Ramo de cheiros
1,5dl de vinho branco seco
1,5 dl de água
100g de margarina ou manteiga
2 Colheres de sopa de sumo de limão
100g de cogumelos às fatias
50g de cebola picada
5 Colheres de sopa de farinha
1 Gema
4 Colheres de sopa de natas
Sal e pimenta
25 g de pão ralado

Para enfeitar (facultativo): Raminhos de salsa Rodelas de limão

Leve ao lume uma frigideira com as vieiras e o ramo de cheiros e regue com o vinho e a água. Quando levantar fervura, tape e deixe cozer durante 10-15 minutos. Escorra as vieiras, retire o ramo de cheiros e guarde o caldo. Corte as vieiras em bocados. Pincele as conchas com manteiga derretida.

Derreta 25 g de manteiga com 1 colher de sopa de sumo de limão, junte os cogumelos e a cebola e deixe cozer sobre lume muito brando durante 10 minutos. Adicione metade da restante manteiga, a farinha, mexa e deixe cozer 2 minutos. Deite o caldo e deixe cozer mais 3 minutos. Retire do lume.

À parte, misture a gema com as natas e um pouco do preparado anterior. Deite na frigideira do molho e junte as vieiras. Tempere e reaqueça sem deixar ferver. Distribua o preparado pelas conchas e coloque-as num tabuleiro.

Derreta a restante manteiga e misture com o pão ralado e o sumo de limão, deite sobre as vieiras e leve-as ao forno até ficarem douradas.

Receita de "O Grande Livro da Cozinha Internacional" edição de Selecções do Reader's Digest, 1986.

Terrina de Foie gras

Vamos lá ao Foie gras, como prometido!

Esta receita resulta de uma pesquisa feita na net e de algum bom senso. Ter em atenção que se estamos a falar de um mi-cuit,  trocado por miúdos, baixa temperatura. As recomendações encontradas variam mas, para um mi-cuit, as temperaturas de forno não ultrapassam os 97ºC. Coisa diferente se quisermos fazer uma conserva, onde vamos aos 103ºC.
Os tempos de cozedura também variam, bem como as alternativas de forno ou cozedura em frasco.

Esta receita dá um pouco de trabalho e deve ser feita com antecedência pois o Foie gras deve descansar pelo menos dois dias (há quem diga dois meses) para apurar todos os sabores.
Para quem gosta tanto de Foie gras como eu, não há que hesitar. Tudo somado e experimentado ficou assim... e ficou bem (bom).

2 Foies gras frescos – aprox. 1100g
(dá uma forma de bolo inglês)

Preparação para uma conserva
Lavar o Foie gras rapidamente em água corrente. Colocar o foie gras em leite tépido durante duas horas (para sangrar).

Retirar do leite, passar por água corrente e limpar bem com papel de cozinha.

Os Foies gras que se vendem congelados em vácuo já vêm sem fel. Caso contrário há que retirá-lo bem como todos os vasos sanguíneos e a pele fina que o reveste. Faça isso sobre uma tábua de cozinha que pode estar coberta com papel vegetal. Arranje espaço e meta a mão! Não há como fazê-lo de outra forma; vá abrindo os Foies gras com os dedos e procurando os veios principais com cuidado. Vá puxando um a um, devagar, e, se necessário, com a ajuda de uma faca; os veios mais finos vêm a trás. Deve tirar o máximo de veios que conseguir pois é desagradável encontrá-los depois. Tenha em atenção que, mesmo que o Foie gras fique muito desfeito, ele vai reconstituir-se depois, na cozedura.

Depois desta tarefa executada coloque o Foie gras numa taça e tempere com uma mistura de sal (12g/kg), açúcar (5g), pimenta branca (2g) e um pouco de noz moscada. Armagnac (30ml), vinho do porto (30ml) - 15ml por cada 500g de foie gras. Tapar com película bem colada ao Foie gras para retirar o ar e reservar 24h no frigorífico.

24 horas depois retirar do frigorifico e deixar à temperatura ambiente cerca de 1 hora. Caso seja necessário limpar do excesso de sal e pimenta. Enformar calcando bem.

Eu utilizei uma forma de bolo inglês para a qual fiz uma tampa à medida, em cartão, que envolvi em papel de alumínio. Sobre esta tampa é possível colocar um peso para que vá fazendo pressão sobre o Foie gras durante o tempo de cozedura. Coloquei outra forma de bolo inglês com um peso dentro para pressionar o Foie gras.

É altura de levar o Foie gras ao forno pré-aquecido a 103ºC, a cozer em banho-maria durante 2 horas. Ao fim de 2 horas está pronto e coberto de gordura, pelo que deve ser retirado do forno com cuidado.

Finalização
Retirar a forma do forno e deixar à temperatura ambiente até que arrefeça completamente para que não haja choque térmico.  Posteriormente levá-lo ao frigorífico, mantendo o peso em cima. Ao fim de 4 a 6 horas retirar do frigorífico, e retirar o peso. Aproveitar toda a gordura acumulada e aquecê-la um pouco para derreter. Regar a superfície do foie gras enformado com a gordura que se aproveitou para o proteger de uma oxidação rápida. Levar novamente no frigorífico durante um período de, pelo menos, 48 horas. Se esperar mais tempo ficará ainda melhor.

Quando for altura de servir o Foie gras deve desenformá-lo . Passe, várias vezes, um pano molhado em água quente por toda a superfície da forma. Vai notar que a gordura começa a humedecer ligeiramente; será altura de o virar para um prato apropriado. Corte  as fatias (1cm) com a ajuda de uma faca fina previamente molhada em água bem quente.

Pode empratar com Queijo de figo, tostas e um toque de redução de Vinho do Porto. O que sobrar aguenta-se muito bem no frigorífico coberto por película aderente.

Faz bem ao corpo e ao espírito...


Queijo de Figo

Aproxima-se o Jantar de Natal e já estou nos preparativos. Mantendo embora alguma tradição - quem dispensa o bacalhau? - não deixarei que os palatos morram de tédio, pelo que farei alguns desvios que, espero, tenham sucesso assegurado.
Hoje darei conta de um casamento, para entrada, que me parece particularmente bom; "Terrine de Foie Gras com queijo de Figo".

Destes dois componentes encontram-se múltiplas receitas na net embora nem todas coincidentes. O trabalho a fazer é tentar encontrar um equilíbrio entre tudo o que se lê, lançando mão do bom senso e da experiência; e depois arrisquei e resultou.


Comecemos pelo Queijo de Figo, uma receita bem simples de uma espécie de bolo de figo que dá um óptimo contraste com o Foie Gras. De execução fácil e rápida pode ser feito com uns dias de antecedência pois aguenta-se perfeitamente no frigorífico.

Comecei por escolher os figos secos a comprar pois nesta altura do ano a oferta é muita e nem sempre da melhor qualidade. Fugi dos figos de pele rija, de aparência seca e de cor mais branca. Os melhores são os quem têm a pele mais translúcida, de tonalidade castanha e que  se apresentam húmidos e moles.
Para fazer um bolo de dimensão razoável fiz o dobro das seguintes quantidades:

250g Figos secos
125g Miolo de amêndoa (com casca)
8g Chocolate em pó
1 Colher Chá de erva-doce
2g Canela
75g Açúcar
1/2 Chávena Água;
1 Cálice de aguardente de medronho
Raspa de limão

E o método não podia ser mais simples:
Moem-se os figos e as amêndoas. Num tacho coloca-se o chocolate, as especiarias, o limão, o medronho, o açúcar e a água. Deixa-se ferver, dá-se uma mexidela e juntam-se os figos e as amêndoas. Mexe-se bem para que fique homogéneo e coloca-se numa terrina, numa forma de bolo sem buraco ou ainda num aro de dimensão apropriada. Prensa-se bem e coloca-se no frio. Pode decorar-se com algumas amêndoas torradas ou com imaginação. Optei por fazer num aro pois pareceu-me mais fácil de desenformar. E, de facto,  depois de um dia no frio, o aro retira-se facilmente com o auxílio de uma pequena faca que se vai passando por água quente.

Depois falamos da "Terrine de Foie Gras"

Claude Monet



No Museu Thyssen, em Madrid, de 23 de Fevereiro a 30 de Maio de 2010, podemos contar com a exposição "Monet e a Abstracção". Estarão representadas as obras mais significativas da ultima fase do pintor.
Onde estás TGV que fazes falta!

Costeletas de porco preto grelhadas, feijão branco e cogumelos

Uma ligação perfeita que nos remete para a saborosa cozinha alentejana. Para 2 pessoas 300 g de costeletas de porco preto (desossadas) 400 g...